segunda-feira, março 15, 2004

"Nada é mais importante que a segurança"- disse Nuno Rogeiro no rescaldo de Madrid- e acrescentou que nenhum esforço será de menos, que qualquer custo é sempre pouco para garanti-la. As favelas e os condomínios de luxo guardados até aos dentes de grades, câmaras de vídeo, polícias privadas. Ou então um Muro como se a História não tivesse acontecido desde a construção da Murallha da China. A acompanhar esta sinfonia vêm os violinos afinados da civilização que urge defender, como em Nova Iorque, tenta-se fazer dos corpos das vítimas cimento que sustente a ideologia do império. A ideologia que grita que este ataque é um ataque aos nossos valores-como discursou Marques Mendes no dia 11- como se os valores da vida e da paz fossem património de parte "democrática"da humanidade. Como se o Bem não fosse um valor universal, apesar dos canalhas. Como se uma bomba ou um avião contra uma torre traçe qualquer linha divisória entre culturas a não ser aquela que se desenha desde aí entre os que costroiem o império e aqueles que o recusam. Quem alimenta o discurso do Nós/Civilização/Ocidente coloca-se no mesmo campo dos que carregam mochilas com explosivos. No campo em que o Outro é o inimigo a abater, no campo dos fanáticos que tão bem e interminavelmente se alimentam. Ariel Sharon precisa dos bombistas suicidas para avançar legitimamente para a anexação. Bush precisa do 11 de Setembro para fazer avançar o Império.

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