sábado, abril 20, 2013

ah bruta flor

Subiu à varanda de onde via quase a cidade inteira. Subiu como fazia todos os dias, antes de regar as plantas porque a primavera estiolava. Da varanda via tudo ou quase tudo o que precisava. Dali, depois de regar os vasos, regressou ao interior e à mansidão dos esponsais. Ali podia organizar tudo quanto tinha visto da cidade, contar recontar e pôr em marcha o desejo que os alimentaria ou os manteria à tona de água até ao próximo dia.
O corpo que oferecia, generosa, da varanda, ficava mais grácil ao ser visto e era por isso que o oferecia, com menos palavras. Para levar consigo essa graça, para o único sítio onde o seu corpo não lhe bastava.