quinta-feira, agosto 21, 2008

No dia seguinte ao meu furto a dona da Figueira veio oferecer-me duas mãos cheias deles. Estes verdadeiramente no ponto. Comi e ofereci. Penso em Rapunzel, tem as tranças cortadas mas uns braços suficientes para me puxar. Conheço tantos começos de estradas, muito maiores que a maioria dos seus caminhos. Atafulhados por tudo menos as silvas e amoras e todos os insectos inesperados que partilham do pó e da água. Caminhos que se vão atravancando de contingências até se transformarem no inferno que os seres humanos tão prodiga e infatigavelmente criam.

terça-feira, agosto 12, 2008

Meu ar fresco

Desci e roubei meia dúzia de figos. Não havia cheiro, só da caca dos gatos que andam por ali à vizinha dará. Mas o sabor. Era o mesmo de todas as fantasias. Abriste a janela para mim. Não sei como nomear-te. Se rainha da Escócia ou dos bretões. Como se pode beijar uma Enid Blyton?

sexta-feira, agosto 08, 2008

Quando vi a tatuagem colorida no fundo das costas de m.l. arrepiei caminho até ao desenlaçe final. Lembrei-me disso quando vi o livro das fadas pousado ao seu lado no outro dia. Imaginei que seria uma nova tatugem e que dali por diante não conseguiria concentrar-me na paixão que me vinha trazendo de passagem pelos dias. A figueira lá em baixo aponta os ramos vigorosamente para o alto. Já há frutos gordos e outros prometendo para breve. O cheiro inunda-nos se formos até à sua sombra. Lembra-se o sabor de todos os verões. Lembra-me uma poema. Lembra-me uma árvore magnífica abandonada. Lembra-me proezas e arranhões. Lembra-me.