terça-feira, dezembro 29, 2015

Não temos presente, nem tu nem eu, foi o que disse a Boris. É por isso que adoecemos e que é a memória que rui. Boris lembrou-me que devíamos saber de antemão haver um preço a pagar quando se empurra o corpo no correr dos dias.
Boris escreveu. Diz que mais um Natal e não comprou as botas. Pergunta-me se te encontrei e nos beijámos e como foi. Digo-lhe que nem saberíamos reconhecer-nos caso nos cruzássemos na cidade e que será por isso que penso em ti tantas vezes. Assim será difícil alguém tomar o seu lugar, diz-me Boris, avisando-me que escolhi a condenação como um Orestes.