segunda-feira, fevereiro 20, 2017

A guerra acabou. Desmatam-se campos, procuram-se minas. Não há muita gente para escrever notícias. Daqui seguimos o mesmo céu com olhos diferentes. É preciso sempre tomar atenção às paredes e a tudo o que diga respeito à manutenção do outrora castelo, agora baluarte de sombras para a paz. Nem por isso deixa de entrar a água das chuvas ao mínimo descuido. Daqui seguimos o que julgamos ser o mesmo céu. Talvez também ele transporte um cheiro a cadáveres esquecidos sem que nos demos conta.
Não fosse a passagem da mulher gazela o tempo pareceria igual. Nem as estações ou a chegada das aves o distinguem no seu torpor maquinal. Ela passa, sem pisar o chão, o seu corpo como a corda de um arco. Nuns dias esticando-se sob uma flecha certeira. Noutros uma corda a tremer sob o arco da viola da gamba.