terça-feira, outubro 28, 2003

eis que o frio se instala e mudamos a hora a correr para que ele não nos surpreenda na manhã escura. Não fossem estes ossos e seria um tempo ideal. Não fosse tanta outra coisa e seria esta uma vida ideal. Se fecharmos os olhos às televisões ficamos mais próximos. Depois é preciso abrir os olhos ao resto.

terça-feira, outubro 21, 2003

ontem levaram a correr um casaco a uma turista na esplanada do fim da tarde, quando fui pagar descobri que os verdadeiros ladrões estavam por trás do balcão em st. luzia.
o meu amor acordou-me de olhos molhados. O dia e a vida andam a pedir-me contas. Hora de arregaçar mangas, as calças os pés descalços. Esperar o fim do dia com a certeza de que amanhã os teus olhos sussurrarão esta cidade para nós.

sábado, outubro 18, 2003

de novo, aqui, nesta cidade meiga onde o granito nos aproxima, onde as pessoas não estão tão dispersas, nesta cidade de saudades, das cores das fachadas, que pena não viver aqui, não morar, nem aqui nem em lado nenhum, apesar daqui ser tão longe do berço e daqueles que me faltam, mas aqui tão mais fácil, tão mais convidativa esta pedra escura que aquece a serra mais fria que se aproxime.

Não creio que fossemos feitos para estar sempre no mesmo lugar.

segunda-feira, outubro 13, 2003

a casualidade, ou não, da nossa existência neste tempo e a coincidência da contemporaneidade de todos, para além de nos unir no acaso solar, já há algo de importante que temos em comum, estarmos vivos ao mesmo tempo, pode ser também um azar ou uma sorte do caneco, se antes se trabalhava -a grande maioria- de sol a sol, já não seremos os afortunados quando chegar o fim-de-semana de três e depois quatro e depois cinco dias. O acaso pode aceitar-se só para o aparecimento aleatório no século XX, XV, XXX, ou I24ªera, e não já para o facto de termos de trabalhar ou não. Provavelmente o nosso fim-de-semana tem 2 dias porque não merecemos mais e/ou não sabemos que fazer dele quando ultrapasse esse tempo. Ainda não há tempo livre há só tempo de descanso do trabalho. E não o contrário porque nascemos precisamente no tempo(histórico,humano) da escravidão. O trabalho libertará quando for escolhido. Serão outros a fazê-lo, não só porque nascerão em tempo diferente mas porque terão de ser diferentes. Mas não serão diferentes, nada deles será se não formos nós a soltar os estertores da miséria, se não tornarmos produtiva a cólera do síndrome de segunda-feira.

quarta-feira, outubro 08, 2003

"a blogmania é?
inventividade democrática?
desconfiança em relação aos outros meios de comunicação?
a sociedade do conforto onde o sofá trocado pela cadeira e os amigos pelo teclado?
a sociedade invidualista?
um país de poetas e das letras?
sinal de que não gostamos do que fazemos?
incapacidade de fazermos/fazer?
a solidão do subúrbio?
tudo isto,
ou, nada disto?"
Tinta ecológica

terça-feira, outubro 07, 2003

verão foi-se mas aqui há sol e calor, um país sempre recheado de boas desculpas para não trabalhar(enquanto for preciso haver desculpas) o tempero do clima é meigo, faz-nos dóceis e amigáveis e ainda bem, a grande feição atlântica e o azul do céu serão melhores que a eficiência e Estado do bem-estar dos nórdicos. A melancolia sabe melhor que o suicídio.

domingo, outubro 05, 2003

domingo, hóstia sonolenta. Sol pardieiro nas ruas da cidade. We`v got to say good by to the summer