quarta-feira, março 24, 2004

José Lamego explicou-nos, em entrevista a Maria Avillez, que valores ocidentais são ameaçados pelo terrorismo: a separação entre Estado e Religião, a igualdade entre homens e mulheres. Nesta lógica é interessante verificar que EUA escolheram atacar, invadir e ocupar o pais mais laico entre os países árabes, com a justificação, assumida claramente pós verificação da não existência de armas DM, de lutar contra o terrorismo. Tudo isto acompanhado pelo grito do imperador: In God we Trust!
O assassinato bárbaro esta semana do líder do Hamas pelo aliado dos EUA em Israel está incrito com o lacre do combate ao terrorismo sendo óbvio para todos que o resultado desta acção que se chama terrorismo de Estado só tem um objectivo que é fazer incendiar mais e intermináveis rastilhos para a morte em ambos os lados e permitir com isso o bloqueio de todos as negociações em curso, já de si tão fracas e humilhantes para a Palestina. Mas para o centro político do Império o terrorismo está no Afeganistão, está no Iraque, o Sadam é que era o tirano maldito que perseguia o seu povo e matava curdos (seria útil acrescentar que o Iraque era o país com os maiores índices de desenvolvimento em todo o médio oriente à altura da primeira guerra do Golfo em 1990). O Estado de Israel perpreta diariamente, com a impunidade completa e a impotência da comunidade internacional indignada, os crimes mais hediondos contra a humanidade (a perseguição e tentativa de extermínio de um povo não tem outro nome). Os Estados Unidos da América são o país com o maior arsenal de guerra do mundo (é lá que se devem procurar as armas DM) são o estado que decreta a perseguição e eliminação imediata de pessoas voltando ao far west da sua história. O país onde os números de pessoas mortas em actos violentos não têm comparação com nenhum país do mundo.

Mas, como nos diz José Lamego, quem atente contra ele, por formas que achemos legítimas ou não, não lhe está a resistir nem a opor-se-lhe, está a tentar acabar com a igualdade entre homens e mulheres e lutar contra a separação entre Estado e Igreja. Lógico, faz todo o sentido.

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