domingo, julho 27, 2008

aldeia

Era criança e sentava-me no muro de pedras de granito empilhadas e encaixadas sem qualquer argamassa. Os pés nus pendurados, as uvas doces ao alcance de uma mão, a sombra e o cheiro doce da videira sobre a minha cabeça. Tirava os sapatos mal chegava à aldeia para me juntar às outras crianças. Doía-me, claro. Mas era uma liberdade preciosa. Como a de correr pelos campos de milho, a terra mole afundando-se sob a planta do pé, as folhas cortando-me o pescoço. E corria de novo e havia de correr novamente depois de descansar junto à terra com o céu recortado pelas barbas do milho. Havia de correr sempre enquanto o milho fosse a minha floresta do verão.

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