quinta-feira, junho 17, 2004

a militância

"A unica força que pode mandar abaixo essa estrutura de opressao tacanha e de desigualdade brutal que é o capitalismo em portugal, é o desejo intenso e irreprimivel, difuso pela multidao que se acotovela nos transportes publicos, de viver uma vida sem patroes nem horàrios, policias ou constrangimentos, competiçao constante e necessidade permanente. E a inteligencia social que se pode desenvolver nesse desejo é o programa, a estratégia e a tàctica que derrubarao todas as bastilhas e tomarao todos os palàcios de inverno (ok, a este ponto começo a levar demasiado a sério a minha pròpria narrativa - deem um desconto).
Queremos tudo. Teremos tudo. Seremos tudo. Nenhuma pequena batalha, todas as guerras civis. Nenhum trabalho que nao seja para acabar com o trabalho. Nao votar, mas sim governar. Nao aceitar como normal o que acontece, apenas porque acontece todos os dias. Viver intensamente, agora.
Tudo isto, que tantos querem, parece distante apenas porque se escolhe o ponto de vista errado - o da militancia.
Todas as revoluçoes até hoje foram uma festa que veio subverter o realismo dos militantes, sempre ocupados com as pequenas escaramuças e sempre tao distantes dos grandes confrontos. Se olharmos com mais atençao para o enredo, percebermos que o combate é permanente e as derrotas constantes. Os derrotados, pragmaticamente, recusam arriscar um confronto de grandes proporçoes que sabem nao poder vencer neste momento. é preciso aprender com esse pragmatismo e deixar de lhe chamar passividade. A unica passividade é a de quem festeja alegremente os resultados eleitorais.
Là onde todos os dias se morre um pouco, no trabalho como fora dele, està a linha de combate e o espaço onde erguer as barricadas. Nao para instaurar um governo do proletariado.Mas para acabar com todos os governos e com o proletariado."
in Bologna Nihil

Sem comentários: