segunda-feira, dezembro 15, 2003

A universidade aberta ao mundo e à vida numa relação que lhe justifica o nome de universal(idade=universidade) Este nome parece ir ficando cada vez mais distante daquilo que nomeia. Quem quiser ir, em qualquer momento da sua vida, frequentar um curso superior, sabe que o Estado não perde tempo nem dinheiro com presunções egoístas dos cidadãos que querem investir na sua formação. As aulas em regime pós-laboral foram sendo diminuidas progressivamente em cada instituição de ensino, em vez delas surgiu um regime de prescrições para impedir que as pessoas se demorem mais do que o razoável a terminar uma licenciatura, cada vez mais cara ao bolsos dos que a frequentam, cada vez mais barata para o Estado. Ou seja, para aqueles que têm de sustentar a sua vida e os seus estudos tornou-se impossível os estudos serem seus.
Para a machadada final-Lei da Autonomia-foi espalhada a ideia falsa de que os estudantes que participam nos órgãos das universidades discutem os ordenados e carreiras dos docentes, depois a ideia de que atrapalham porque estão de passagem e não chegam a dominar nunca os assuntos tratados, para chegarmos a propostas como as do PS e PSD que defendem uma diminuição do poder e participação de estudantes, quando na actualidade os estudantes já estão em minoria porque nunca detêm os cargos de presidência que tem voto de qualidade em situações de empate (o que raramente acontece porque nem estudantes nem docentes nem funcionários se comportam coorporativamente por sistema) Isto é passar um atestado de incompetência pedagógica, polí­tica e cidadã  àqueles que ao longo das últimas décadas têm dentro da universidade sido os únicos(quase sempre) de uma forma continuada a defender mais do que os seus interesses particulares. São os estudantes que querem bons professores, boas bibliotecas, um ensino de qualidade e são agora os docentes que não querem estes estudantes. Obviamente que não são todos os professores, aliás, quem tem por hábito passar atestados de incompetência aos outros é quem confia pouco nas suas próprias capacidades, como os professores que dizem nunca ter dado um 18 na vida. Pudera, dificilmente saberiam reconhecê-lo.
Também aqui se fecha a universidade, os cadeados não são nada comparado com isto. Eles deviam permanecer nas portas. Para que queremos nós estas universidades abertas?

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