terça-feira, novembro 25, 2003

O chão por onde ando é aparentemente tranquilo
mas eu ando nele como se estivesse minado
porque não ando só nele
mas através do tempo que não posso prever
e que no seu vazio ou nas suas figuras me arrepia me enerva ou
[me confunde
Por isso eu desejaria estar num quarto de uma delicadeza chinesa
e ver através de uma vidraça uma árvore de folhas minúsculas
e não ouvir mais do que o murmúrio de uma abelha
só assim eu poderia viajar na imobilidade pura
transpondo-me para uma região estática como um ovo
onde atingiria o equilíbrio da coincidência subtil
Tudo estaria suspenso em perfeita integridade
como se eu tivesse entrado no ouvido brando de um cisne
e viajasse por dourados campos por sossegadas veias
de veludo Veria as formas puras do silêncio
e a larga flor do ócio perfumando o meu estar tranquilo

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