segunda-feira, março 18, 2013

A cidade está coberta de pobres e de flores também. São discretas nas pequenas árvores. Vejo-as, como todas as palavras ou signos, como a luz cinza deste inverno, vejo-as e é uma cidade diferente. Ou porque cheguei de novo a uma das muitas cidades dentro dela ou porque estás em quase todos os meus caminhos. E por isso aquele amontoar de nuvens naquela direcção, por cima daquela árvore e através daquele pedaço de janela, não é o mesmo amontoar de nuvens que nos devolve a escala de nós mesmos, perdida se caminharmos só por pedras da calçada. O amontoar daquelas nuvens naquele pedaço de céu que não premeditámos ver, mas que se colocou ali onde o olhar súbito apontou, inquieta-nos. Como se o movimento pesado deste corpo de nuvens brancas e cinzentas pudesse anunciar um drama maior. Podemos ver as flores, podemos ver os pobres.

Sem comentários: