quinta-feira, agosto 16, 2007

Como o verão puxa mais pelos salgados o meu coração transformou-se numa batata frita de pacote.

sexta-feira, julho 20, 2007

Fizemo-nos inquietos, sim, talvez irremediavelmente. Será tarde para encontrar uma casa? Será tarde para pertencer à cidade? Nela também se agitaram as árvores naqueles dias de ventania. Sabemos porque veio o vento, foi para não deixar nada no lugar.

segunda-feira, julho 09, 2007

o alperce

O fruto caiu do ramo e acertou-me num olho. Quem me manda estar a olhar para o céu quando há tanto que me ocupa aqui na terra?

sexta-feira, julho 06, 2007

A menina romã transformou-se num alperce.
É preciso regressar rapidamente à cidade.

quarta-feira, julho 04, 2007

Seguimos junto ao carril com as ervas altas a roçar-nos as pernas brancas do Inverno. Se é uma viagem há que prosseguir. E, se o cansaço chegar, permitimos-lhe algum tempo mas não o suficiente para nos pormos a duvidar. Tantas dúvidas hão-de fazer soçobrar-nos a moral, quando não for a espinha.
Sabíamos que com o cheiro da terra seca e quente do final do dia, havia de vir também, ao longe, o som mais ou menos indistinto, mais ou menos roufenho dos concertos. Espalhados pelo verão pelas aldeias. A melancolia desses dias futuros inspirava-nos e precipitava em nós o desejo de abandonar a cidade crivada de sons mais distintos e menos roufenhos. Espalhados pelo verão nas varandas dos imigrantes ou dos pobres.

segunda-feira, junho 25, 2007

É uma viagem, seja como for. Agora detemo-nos mais em apeadeiros e plataformas abandonadas às moscas do verão. Há ervas que crescem junto ao carril. Seguimo-lo até à orla mais próxima ou ficamos a balançar os pés no muro da estação?

sábado, junho 09, 2007

Vou sair. Ter com Santo António. Não é que queira casar mas encontrar um milagre que resulte por estes dias.A minha pele está fora de sítio. Sinto-a, desconfortável, despegada aqui e ali, as comichões.A luz começa a ficar abrupta e impiedosa a partir desta altura. Por isso a cidade se esvazia. Aos poucos.
Boris já nao bebe a cerveja checa, o dinheiro mal dá para as portuguesas. Está a tentar escolher ou perceber se a vida é odisseia ou peregrinação.

sexta-feira, junho 01, 2007

Ela sabe. Tem nas mãos uma chave. Entra. Depois do mais difícil a chave desaparece entre as horas em que se perde. Entre as mãos que, nela, iluminam o mais pequeno gesto.
A rua termina noutra rua. Dissolve-se contra um muro como uma onda falhada. Mas há mais direcções a tomar. A rua começa e acaba em encruzilhadas.

sexta-feira, maio 25, 2007

Maio a cair de maduro

A chuva há-de fazer aparecer algumas das promessas mais umas quantas minhocas de baixo de algumas pedras. Não hão-de vir bulir com os desenhos se os houver das calçadas.
Os estaleiros continuam, um pouco abandonados. As fendas das muralhas parecem saradas e prontas para mais uns quantos Invernos.

domingo, maio 20, 2007

O calor anuncia promessas em baixo de cada pedra da calçada