José Álvaro Morais
um peixe na Lua.
da terrível presença
Eu quero que a água fique sem álveo.
Eu quero que o vento fique sem vales.
Quero que a noite fique sem olhos
e meu coração sem a flor do ouro;
que os bois falem com as enormes folhas
e a minhoca agonize de sombra;
que reluzam os dentes da caveira
e os torpores do sirgo inundem a seda.
Posso ver o duelo da noite ferida
a lutar enroscada com o meio-dia.
Suporto um ocaso de verde veneno
e os arcos partidos onde sofre o tempo.
Mas não ilumines teu puro corpo nu
como um negro cacto coberto nos juncos.
Deixa-me uma ânsia de escuros planetas,
mas não me mostres tua cintura fresca.
Federico García Lorca
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