sexta-feira, outubro 26, 2007

montanha

E aí estávamos, comendo aqueles bolos de arroz com a pasta negra das sementes de girassol desfazendo-se num óleo viscoso e falando de ti entre as passas de um cigarro de mentol. Eram momentos possíveis neste sítio improvável. Como se fosse possível ter chegado a um lugar onde pudéssemos abandonar em permanência a violência do quotodiano. Não um espaço de fantasia mas o espaço em que o tempo não nos viesse inquietar.
Ali estávamos, tão soberanos de nós como qualquer escravo, e, ainda assim, com a mortalidade a espreitar-nos à esquina, num barulho de gato ao respirar, numa articulação mais rija do frio, ainda assim, nesta liberdade por entre sombras, estávamos experimentando a doçura de não pertencer realmente a este mundo. Nem a qualquer outro

quinta-feira, outubro 11, 2007

Decidimos ficar pelo acampamento onde se misturavam alguns doentes, alguns curadores e aquela espécie de seres humanos que acreditam ser sua missão levar a palavra de deus aos outros. A luz de Lisboa nesta altura do ano não é a que gosto mais e na cidade só encontrava testemunhas de Jeová. Desconhecendo a nossa verdadeira doença ficámos como Hans Castorp.

terça-feira, outubro 09, 2007

O sal todo do verão invadiu as artérias e a correntes sanguínea deixando-nos exaustos. Esperámos o pronto-socorro. Recuperamos agora do mau colestrol num hospital de campanha. Há muitos aviões e poucos alimentos. O arroz lembra-nos a Birmânia. Ser um daqueles monges é também um bom caminho para fugir à fome. Como era ir para padre há pouco mais que uma geração.