segunda-feira, dezembro 26, 2005

Lembrar

Descobri o sítio onde comemos bifanas na noite do velório. Aquele sabor ficou por muito tempo associado ao cheiro da capela. Ainda me lembro do sabor da mostarda no momento em que tentava despedir-me diante do cadáver. A sua morte súbita era um acidente. Éramos demasiado jovens para que fosse mais do que isso.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

no meio

A minha casa tem dois lados. Como o coração e a cabeça. De um lado faz sol do outro sombra. De um lado o céu do outro os prédios. De um lado o silêncio do outro os carros. De um lado um vestígio de outros tempos do outro o Tejo. De um lado as árvores do outro o vento. Como eu não posso viver no meio da casa vou ter de encontrar outra.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

As árvores lá trás

A figueira ficou nua depois da tempestade. Foram-se as folhas já amarelecidas pelas primeiras chuvas. Mas, ao lado, as tangerinas ficaram cheias e a rebentar de cor.