domingo, maio 08, 2005

Tinha uma caixa especial. Tinha-a há tantos anos que perdi a conta à sua origem. Era uma caixa de cartão diferente de todas as outras. Chegou e partiu-me a caixa, não de uma vez só mas uma destruição lenta e continuada. Podia ter partido os pirex e as louças todas da cozinha. Tudo o que era de vidro e tinha valor já foi aliás. Mas não, resolveu destruir a caixa de cartão diferente de todas as caixas e que estava comigo há tanto tanto. Os objectos que sobrevivem mais de uma década sendo-nos próximos e úteis passam a insubstituíveis. Misturaram-se na nossa vida a ponto de se misturarem connosco. Alguém tocar-lhes e fazê-los úteis para si mesmo é igual a tocar-nos. Alguém destruí-los é o mesmo que entrar e destruir-nos um pouco. Principalmente quando não se entende isso.

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